Ministra Nancy Andrighi vota para condenar Gladson Cameli a 25 anos e pede perda do mandato



Ministra do STJ vota para condenar Gladson Cameli a 25 anos, mas pedido de vista adia desfecho do julgamento para 2026. A relatora Nancy Andrighi também defendeu a perda imediata do mandato, ao atribuir ao governador a chefia de um esquema de corrupção estruturado em contratos com a construtora Murano.

Segundo o voto de Andrighi, Cameli liderou uma organização criminosa que desviava recursos públicos por meio de superfaturamento de serviços e contratação sem licitação, beneficiando empresas ligadas a seus familiares. A ministra citou que, dos 17 milhões de reais pagos à Murano, 11 milhões teriam sido destinados a objetos estranhos ao contrato original, em afronta ao princípio da economicidade. Ela também destacou a indicação de pessoas de confiança do governador para a Secretaria de Infraestrutura, a fim de assegurar a aprovação de obras e reformas sob suspeita.

O julgamento, porém, foi interrompido por pedido de vista do ministro João Otávio Noronha, empurrando a decisão final para 2026, em meio ao recesso do Judiciário e à possível desincompatibilização de Cameli para disputar o Senado pelo Acre. A defesa, liderada por José Eduardo Cardozo, sustenta que uma eventual condenação poderá ser anulada pelo Supremo Tribunal Federal, alegando cerceamento de defesa e irregularidades no uso de relatórios de inteligência financeira do Coaf. Enquanto o processo não é concluído, o governador permanece no cargo, mas submetido a medidas cautelares como proibição de deixar o país, entrega de passaporte e bloqueio de bens.

Em manifestações públicas recentes, Cameli tem atacado a relatora, questionando a credibilidade do processo e afirmando não ter tido acesso integral aos autos. O governador acusa a investigação de avançar sobre familiares sem autorização do STJ e classifica o caso como um “circo” que se intensificou após decisão do STF que determinou o compartilhamento de documentos com a defesa. A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, descreve um esquema estruturado a partir da adesão da Secretaria de Infraestrutura do Acre a uma ata de registro de preços vencida, usado para permitir que a Murano assumisse grandes obras e, por meio de uma sociedade com a Rio Negro Construções, ocultasse a participação do irmão do governador.

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