Assis Brasil: Onde o crime fez do medo rotina e o Estado virou lenda urbana


O município de Assis Brasil, interior do Acre, tornou-se um laboratório de insegurança pública, onde o Estado parece ter terceirizado sua função à criatividade das facções criminosas. Uma cidade famosa por integrar a tríplice fronteira com Bolívia e Peru, amarga hoje mais manchetes sobre execuções, atentados e a exportação da "lei do silêncio" do que qualquer legado de desenvolvimento. Com um policial efetivo digno de série B — apenas 15 policiais militares, patrulha até a meia-noite e um delegado sobrecarregado por duas cidades —, Assis Brasil se tornou um campo fértil para o crescimento das organizações criminosas, que agora disputam abertamente cada rua e comunidade rural.

Enquanto operações policiais pontuais tentam, com pompa, prender líderes de facções, o cotidiano dos mais de 8 mil moradores permanece ditado pelo medo. Casos de atendimento em plena luz do dia, execuções sumárias e até ameaças dentro do posto de saúde ilustram como a segurança virou artigo de luxo. E, claro, quando o Estado algumas, as facções recrutam jovens, distribuem ordens e alimentam o ciclo da violência.


A crítica sarcástica lançada recai sobre o “poder público”, que, no auge de sua criatividade, aparece apenas para operações relâmpago diante das câmeras, enquanto a população coleciona boletins de ocorrência e reza por mais uma madrugada em paz. Em Assis Brasil, o cidadão virou especialista em autodefesa e o abandono virou política de Estado — tudo isso diante do olhar atento dos portais de notícia, que não se cansam de relatar o absurdo normalizado na fronteira do Acre.

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