Capoeiristas invadem Rio Branco e transformam a Praça da Revolução em palco de resistência



Na noite de 26 de outubro, Rio Branco virou palco para o lançamento oficial da Liga de Capoeira Vale do Acre, evento que conseguiu algo raro: reunir cultura, inclusão e esperança num mesmo espaço, apesar da conhecida habilidade do poder público em deixar talentos locais "desassistidos" — com louvor. A Praça da Revolução, que muitas vezes serve apenas de cenário para promessas vazias, foi preenchida por rodas de capoeira vibrantes, aulas coletivas conduzidas pelo grupo Mangalot Capoeira e apresentações de Samba de Roda e Maculelê, promovidas pela Casa de Pescador e Família de Ouro.

O evento não apenas marcou uma festa para capoeiristas, mas também expôs duramente o cenário em que estes praticantes vivem: ausência de políticas efetivas, carência de apoio institucional contínua e a necessidade recorrente de autovalorização. Mesmo assim, grupos como Cordão de Ouro e Família de Ouro resistem, mostrando que a tradição sobreviveu onde a gestão hesita.

A noite contou com a presença de vereadores e representantes de senadores, que, como de praxe, promoveram verbalmente a importância da capoeira para a juventude e a cidadania. Claro — discursos de impacto quase tão efêmeros quanto ao interesse coletivo no tema, recentemente convertidos em ações práticas. A Liga nascente promete dar voz aos capoeiristas esquecidos, facilitar o intercâmbio entre grupos e ampliar oportunidades para novos adeptos.

No Acre, lutar por espaço vai reivindicar além das rodas: é cultura contra o descaso e transformar resistência em política — mesmo que só por uma noite, sob aplausos e promessas.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Videos